segunda-feira, 25 de julho de 2011

Insanidade


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta de coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas, resta-nos somente paciência.
Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Luiz F. Veríssimo

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ânsias

O tempo deixou-me para trás sozinha
Como águia a percorrer o deserto azul
A solidão estreita comigo laços a tanto coesos
e meu silêncio se torna presságio da morte.
Será mesmo esse meu reflexo?
 Perdida em meio a um obscuro passado!
Será esse meu sangue frio que corre nas veias?
É mesmo essa minha alma esquecida numa névoa de pecados?
São todas as dores que se pode sentir, todas as mentiras e ilusões
que me faziam viva agora são pó...
Já não existe dia...não há minutos...tudo parou.
É preciso que o tempo me consuma, a solidão me desfaça,
para que as dores não me atormentem,
para que os fantasmas não me atormentem.
Doze badaladas e sombras surgem em meu olhar...
São ânsias me sufocando, envenenando-me...
fazendo-me ter um desejo fatal por mais uma noite
na madrugada, jogada nas estrelas...
Tenho ânsias...pela morte, pelo fim das dores.